quarta-feira, 26 de novembro de 2008

PARNAVAZ I (302-237 a.C)

O Primeiro Rei da Ibéria
Estátua de Parnavaz I em Tbilisi, Geórgia
Parnavaz I (em georgiano ფარნავაზი, isto é, P'arnavazi), cujo nome também é escrito como P'arnavaz, P'arnawaz, Pharnavaz ou Farnavaz, foi o primeiro rei de Kartli (Ibéria) a quem a tradição georgiana medieval escrita atribui a fundação do reino de Kartli e a dinastia dos Parnavázidas (em georgiano Parnavaziani). Ele não é confirmado diretamente nas fontes não-georgianas e não há indicação contemporânea concreta que ele foi, efetivamente, o primeiro dos reis iberos. As datas de seu reinado são discutíveis: baseado nas informações das crônicas medievais a maioria dos estudiosos coloca seu reinado entre 302 e 237 a.C. Sua história é saturada de lendas, imagens e símbolos, e parece viável que, como a memória dos fatos históricos desapareceram, o Parnavaz real foi obscurecido por lendas que o consagraram como um modelo monárquico pelos anais da Geórgia medieval. Os pesquisadores localizam seu reinado entre os séculos IV e III a.C. Há quem o identifique com Faramanes, rei do corasmianos relatadopelo historiador grego Arriano (86-146 d.C.), o qual teria oferecido auxílio a Alexandre, o Grande, em sua campanha na Ásia.

Primórdios
Segundo as tradições, Parnavaz descendia do mítico etnarca e fundador de Kartli, Kartlos. Sua mãe provinha do Irã e seu nome tem raízes na língua persa. Seu tio paterno, Samara, ocupou o cargo de mamasakhlisi ("pai da casa") das tribos iberas em torno de Mtskheta. Ainda bebê os gregos entraram em seu país e mataram Samara; sua mãe o levou às montanhas e o escondeu. Os gregos deixaram no governo um de seus chefes, Azo. Reza a lenda que um sonho mágico, no qual ele unge-se com a essência do Sol, anuncia sua grandeza. Ele é persuadido por esta visão a se dedicar a ações nobres. Durante uma caçada, em perseguição a um veado, ele encontra um grande tesouro guardado em uma caverna escondida. Parnavaz, de posse de tais recursos, começa a montar um exército para combater o tirânico Azo. Parnavaz se associou com Kuji, um dos dinastas de Egrissi (a Cólquida dos escritores clássicos), aliança selada pelo casamento de Kuji com a irmã de Parnavaz. Juntos, prepararam uma revolta contra o governador grego.  Segundo a lenda, mil soldados a serviço de Azo desertaram dele e se juntaram a Parnavaz. Esses tais foram chamados relacionados pela tradição como tendo originado os aznauri, a antiga nobreza feudal da Geórgia. A revolta nativa triunfou e Azo morreu na peleja. Parnavaz se proclamou rei da Iberia aos 27 anos.
Kuji e  Parnavaz
Toda a história de Parnavaz, embora escrita por um cronista cristão, abunda em imagens literárias provenientes do antigo Irã e alusões místicas, reflexo dos laços culturais arqueologicamente confirmados e presumivelmente políticos entre o Irã (Pérsia) e a Kartli da época. O nome Parnavaz também é um exemplo ilustrativo da influência iraniana: sua raiz par  se baseia no persa farnah , que indica o esplendor divino que os antigos iranianos acreditavam marcar uma antiga dinastia legítima. O nome da dinastia iniciada por Parnavaz (Parnavaziani)  também é preservado nas histórias iniciais dos armênios como P'arnawazean (na crônica de Fausto de Bizâncio, 5,15; século V) e P'arazean (História Primária da Armênia, 14, provavelmente o início do século V), um indício de que um rei chamado Parnavaz foi o fundador de uma dinastia ibera/georgiana.
Ilustração georgiana celebrativa de Parnavaz I
 http://www.nplg.gov.ge/

A Administração de Parnavaz I
A crônica medieval relata que o reinado de Parnavaz foi reconhecido por certo rei Antíoco do reino helenístico dos Selêucidas. Antíoco é um nome comum na dinastia dos Selêucidas. Rapidamente Parnavaz fez reconstruir as fortalezas do país destruídas pelos gregos e construindo uma grande fortaleza, a Fortaleza de Armazi. Nesta época se criou o alfabeto georgiano que a lenda também atribui a Parnavaz. No entanto, o alfabeto georgiano foi criado quando da cristianização da Ibéria no século IV d.C., não obstante a atestada existência de um alfabeto pré-cristão derivado do aramaico. Seguindo o modelo iraniano, o rei criou oito regiões militar-administrativas governadas por dirigentes locais (éristhavis) e um principado dirigido por um espaspeta ou chefe que tinha que ser membro (sephetsulis) da família real (sephé gvari). A dinastia estava formada pelo Grande Rei com residência em Mtskhetha. A sucessão recaía sobre o varão mais velho da família tornando-se depois hereditária de pai para filho. O rei era governador absoluto e sua família ocupava os cargos de éristhavi em algum distrito. O chefe da corte, o ezosmodzgavari, era também uma personalidade importante, a mais importante que não era da família real. Parnavaz dominou um território entre o Araxes e o Cáucaso e parte da hoje Geórgia Ocidental. As crônicas dizem que reinou por sessenta e cinco anos. Após sua morte, ele foi enterrado em frente do ídolo Armazi, supremo deus local. Seu filho, Saurmag, o sucedeu no trono.
Mapa da Ibéria/Kartli e regiões adjacentes no
século IV a.C. e que hoje formam a Geórgia
FONTE:
http://en.wikipedia.org/wiki/Pharnavaz_I_of_Iberia
http://s50.radikal.ru/i129/0906/4a/f5f3b9e458a7.jpg
http://www.tbilisi.gov.ge/index.php?lang_id=ENG&sec_id=1915&info_id=9029


3 comentários:

Paulo Tamburro disse...

HONESTAMENTE, UM BLOG DE EXCEPCIONALÍSSIMA QUALIDADE E ERUDIÇÃO.ALIÁS, OS BLOGS. ESCREVO CRÔNICAS DE HUMOR E MEU CONTATO COM ESTES MATERIAIS DENSOS, HISTÓRICOS E ERUDITOS ME DÃO ALMA NOVA.VOCÊ HÁ DE CONCORDAR QUE EXISTE MUITO LIXO NESTES BLOGS.CERTO?PARABÉNS.

Joalsemar Araújo disse...

Como você se dedica ao humor, confesso que tenho dúvida do seu "parabéns", pois pode ser irônico. Em todo caso, levarei ao pé da letra e agradeço o comentário.

Unknown disse...

Concordo categórica, concludente, decisiva, definitiva, determinante, incondicional, indelevel, indubitável, irrefragável, irrevogável, peremptória, resoluta e terminantemente com o Paulo Tamburro, que, aliás, não é tão burro, pois, presumo, curte pacas um pouco de história antiga. Eu o parabenizo, Joalsemar (tirante o nome), pela pesquisa e pelo esforço. Deveras! A Paz do Senhor!