segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

BAKUR II (534-547)

Bakur II (em georgiano ბაკურ II) é também conhecido pelo nome latinizado Bacurius. Filho e sucessor do rei Dachi. Segundo o cronista georgiano medieval Juansher ele morreu após treze anos de reinado (534-547) deixando ainda crianças seus filhos, Farasmanes V, que o sucedeu, e um outro filho de nome desconhecido, mas que foi pai de Farasmanes VI, futuro rei da Ibéria. Seu reinado seguiu a linha político-religiosa pró-bizantina e cristã, o que contrariava a suserania persa sobre o reino. Segundo o relato do historiador bizantino Procópio (Guerras de Justiniano) durante parte do governo de Bakur II está ocorrendo a chamada Guerra Ibérica (526 a 532) iniciada já no reinado de seu pai entre o Império Bizantino e o Império Sassânida pelo controle da Ibéria. Ocorre que no relato de Procópio não há menção a Darchi ou Bakur e sim a um certo Gurgenes, rei da Ibéria, possivelmente uma alusão ao rei Vakhtang Gorgasali (447-522), que, entretanto, já estava morto mais nesse período. Os dados disponíveis não permitem uma harmonização historico-cronológica conclusiva, mas refletem um longo período de luta (atestado na crônica medieval georgiana) dos reis iberos (de origem dinástica persa, mas de religião cristã) para se livrar da suserania do Império Sassânida e se aliançar mais com o Império Bizantino (menos interferente e cristão).
File:Diptych Barberini Louvre OA9063 whole.jpg
Díptico Barberini retratando a "vitória" bizantina sobre os persas na chamada Guerra Ibérica
De acordo com Procópio, o xá persa Khavadh I tentou forçar os cristãos da Ibéria a se converterem ao zoroastrismo e eles se revoltaram, sob a liderança de Gurgenes, em 524-525, contra a Pérsia, seguindo o exemplo do reino vizinho, também cristão, de Lazica. Gurgenes recebeu promessas do imperador Justino I de que ele protegeria a Ibéria; os romanos de fato recrutaram os hunos ao norte do Cáucaso para ajudá-los depois disso. Os dois lados finalmente chegaram num acordo em 532 com o tratado chamado "Paz Eterna" (que duraria menos de oito anos). Ambos os lados concordaram em devolver os territórios ocupados e os romanos fizeram um pagamento único de 110 centenaria (5 000 quilos de ouro). Os romanos recuperaram os fortes de Lazica e a Ibéria permaneceu sob controle persa, enquanto que todos os iberos cristãos que haviam fugido puderam optar entre permanecer em território bizantino ou retornar para a sua terra natal.  Todavia, nada disso (à exceção da tensão entre ibero-romanos e persas) se menciona na historiografia medieval georgiana que cobre o período do reinado de Bakur II. Quando da morte de Bakur II esse foi sucedido por seu filho Farasmanes V.
Ficheiro:Roman-Persian Frontier in Late Antiquity.svg
Fronteiras entre os impérios Bizantino e Sassânida
FONTES:

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