sábado, 6 de dezembro de 2008

FARASMANES I (1 a.C. - 58)

Parsman I foi um rei da Ibéria que reinou entre o ano 1 a.C. e o ano 58 d.C. tendo destacado papel na geopolítica romana no Oriente. Ele é mais conhecido por seu nome na historiografia romana: Farasmanes  (da forma latinizada de Parsman, Pharasmanes). Entretanto, as crônicas medievais georgianas assinalam para esse período outro rei: Aderki. Da família de Parsman/Farasmanes/Aderki sabe-se quer tinha um irmão, Mitrídates da Armênia, dois filhos, Radamisto e Mitrídates, e uma filha que casou-se com seu tio Mitrídates.
A Ibéria e seus vizinhos: A Cólquida (Colchis). a Albânia e a Armênia
Farasmanes ou Aderki?
Segundo essas crônicas no reinado de Arshak II (20 - 1 a.C.) eclode uma guerra civil entre o rei, da casa real dos Parnavázidas, e Aderki (ou Rok), herdeiro da casa real dos Artaxíadas da Ibéria, a dinastia anterior. Em 3 a.C (ou no ano 1 a.C. segundo o historiador Cyril Toumanoff), Aderki, filho de Kartam, genro e herdeiro do rei Parnavaz II (63 - 30 a.C.), decide recuperar o trono que seria de seu pai se Parnavaz II não fosse deposto em 30 a.C. Educado na Síria e aliado dos armênios, Aderki adentra na Ibéria para enfrentar Arshak II, que se defende reunindo todas as tropas do reino, as quais ainda ele acrescenta reforços dos partos. Os dois exércitos encontraram-se em Tsalka em Trialeti. Mas, em vez de uma batalha, os dois generais decidem competir em um duelo. O primeiro dia da peleja transcorre bem, embora sem ter um vencedor. No dia seguinte, entretanto, Arshak II é derrotado e morto no combate de arco. Aderki então se proclamou rei da Ibéria, um vassalo do reino de Armênia e de do Império Romano. O cronista medieval Leôncio Mroveli também relata que o novo monarca conseguiu ganhar a aceitação do exército ibérico por causa de seu vínculo ancestral, ainda que remoto e pelo ramo feminino, com as dinastias dos Parnavázidas e Artaxíadas.
Fragmento ibero de peça decorativa encontrada Mtskheta
No reinado de Aderki, se diz ter surgido as primeiras comunidades cristãs na Geórgia (então Kartli/Ibéria) oriundas do trabalho missionário do apóstolo André e a viagem dos judeus de Mtskheta a Jerusalém, os quais testemunharam a crucificação de Jesus e trouxeram o manto sagrado de Cristo para a Ibéria segundo a tradição georgiana. Segundo as crônicas da Geórgia, Aderki dividiu seu reino entre seus dois filhos, Kartam (Kardzam) e Bartom (Bratman), inaugurado uma diarquia na Ibéria que iria durar cinco gerações. Muitos acadêmicos modernos, contudo, duvidam da existência de uma diarquia, pois outras fontes contemporâneas testificam apenas um único monarca. Para o período de Aderki, a historiografia romana que trata do período relatada sobre um rei da Ibéria, aliado dos romanos, chamado Farasmanes. O historiador russo-georgiano Cyril Toumanoff provisoriamente sugeriu a identificação de Farasmanes com Aderki  das crônicas georgianas medievais. Isso pode ser compatível, não obstante a diferença de nomes e outros detalhes, uma vez que as crônicas focam a ascensão e o aspecto religioso do reinado enquanto que a crônica romana foca o papel do rei ibero na guerra pela conquista da Armênia.

A Ibéria vai à Guerra
O Império Romano e o Império Parto disputavam há décadas o controle sobre o reino da Armênia , cuja localização estratégica fazia-a um estado-tampão entre as duas potências. Enquanto o reinado de Artaxias III Zenon (18 - 34 d.C.) foi marcado por um período de estabilidade sob protetorado romano, a instabilidade recomeça com sua morte (34 d.C.). Tal instabilidade se deveu ao regime feudal armênio, onde as grandes famílias se posicionavam a favor de um ou o outro pretendente ao trono, de acordo com a orientação pró-romana ou pró-parta, e de certa forma se beneficiam com essa anarquia. Após a morte de Zenon, o rei parto Artabano II impõe como rei aos armênios seu filho mais velho, Arsaces, colidindo com a política de Roma que exerce um protetorado sobre a Armênia desde c. 65 a.C. Na corte armênia, o partido romano envenenou Arsaces. O imperador romano Tibério se vale então de Farasmanes I, aliado de Roma, para interferir na Armênia resultando um curto período de guerra, durante o qual os romanos suscitam a invasão da Armênia pelas forças do reino da Ibéria. Artabano II envia para a Armênia a Orodes, outro filho seu que já se sentara no trono armênio entre 16 e 18 d.C. Em contrapartida, Farasmanes chama em seu auxílio mercenários albânios e sármatas e invade a Armênia. As tropas de Orodes são postas em fuga, depois que seu líder foi ferido. Farasmanes capturou Artaxata, a capital armênia, em 35 d.C. Enquanto isso, Lúcio Vitélio, legado romano (general) da Síria leva as legiões romanas para além do rio Eufrates, entrando em território parto, onde eles se movem sem encontrar qualquer oposição real.
File:Roman East 50-en.svg
Os reinos da Ibéria e Armênia em cerca de 50 d.C.
 Para superar esta crise, o príncipe ibero Mitrídates, irmão de Farasmanes,  se instalou firmemente no trono da Armênia e Artabano II está prestes a perder o seu uma vez que os nobres partos se revoltaram contra ele. Artabano se refugia em Adiabene com o rei Izates II, teoricamente vassalo da Armênia. Após a morte de Tibério (março de 37), Calígula, muda o rumo da política romana para os armênios. Sem razão conhecida, o novo imperador convocou Mitrídates a Roma e o depõe de sua realeza. Artabano II retorna à Pártia para recuperar seu trono com o apoio do rei de Adiabene e aproveita a oportunidade para reocupar a Armênia onde instala o sátrapa (governador) Demonax. Assim, os romanos perdem a Armênia após anos de lutas diplomáticas e militares. O governo de Demonax seguiu aparentemente tranquilo até 41 quando Calígula foi assassinado e o novo imperador, Cláudio, retomou a política de protetorado sobre a Armênia. Por volta do ano 41, ele reenvia Mitrídates à Armênia que, com a força conjunta das tropas romanas com as de seu irmão Farasmanes, reconquistou o país sem resistência dos armênios após a expulsão de Demonax. Para assegurar o protetorado romano na região, uma guarnição romana mudou-se para Gornae (provavelmente Garni, perto de Yerevan). Mitrídates retornava assim a um segundo reinado na Armênia.

O Ambicioso Filho de Farasmanes
Porém, em 51, Farasmanes I, querendo afastar da corte ibérica a seu ambicioso filho Radamisto trama contra seu irmão Mitrídates para substituí-lo no trono da Armênia por seu filho. Os iberios invadiram a Armênia com um grande exército e forçaram a retirada de Mitridates para a fortaleza de Gornae onde a guarnição romana estava sob o comando de Célio Polio. Polio, seduzido pelo suborno de Radamisto, permitiu uma entrevista entre Mitrídates e seu sobrinho. Entretanto, Radamisto executou Mitridates e seus filhos apesar de uma promessa de não-violência e se assim se tornou rei da Armênia (51 d.C.). Roma decidiu não ajudar os seus aliados armênios, exigindo apenas nominalmente de Farasmanes que o exército ibero se retirasse da Armênia. Porém, o governador romano da Capadócia, Peligno, invade a Armênia; sendo também subornado por Radamisto, retira-se do país, reconhecendo, mesmo sem o aval imperial, a Radamisto como rei armênio.
Reino de Armenia durante la epoca de la intervención de Corbulón.
O governador da Síria, Quadrato, envia uma força para restaurar a ordem, mas a mesma teve que ser detida para não se provocar uma guerra com a Pártia, cujo rei Vologases, não conformado com a usurpação de Radamisto, aproveitou a oportunidade para enviar seu exército à Armênia, expulsando os iberos e instalando no trono a Tiridates, seu genro (53 d.C.). Uma epidemia de inverno forçou os partos a abandonar a Armênia, permitindo que Radamisto retornasse. Ele puniu como traidores as cidades armênias que tinham se entregue aos partas. Eclodiu-se uma revolta geral dos armênios que reivindicaram o príncipe parto Tiridates como seu rei e Radamisto teve de fugir novamente para a Ibéria. Receando a ambição de seu filho e querendo apaziguar o descontentamento romano com as ações de seu filho, Farasmanes condenou Radamisto a morte. Em 58 Farasmanes I falece e seu filho Mitrídates o sucede.

FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Pharsman_Ier_d%27Ib%C3%A9rie
http://en.wikipedia.org/wiki/Pharasmanes_I_of_Iberia
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2012/10/mitridates-i-35-37-e-41-51-dc.html
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2012/10/demonax-satrapa-parto-37-41-ac.html
http://pix.ge/x/b/h/zmxf9/
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2012/10/tiridates-i-primeiro-reinado-54-60-dc.html
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2012/10/radamisto-tambem-conhecido-como-ghadam.html

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